O lugar e suas
memórias
Garibaldi (cidade
localizada a 105 quilômetros de Porto Alegre a 640 metros de altitude) é um
município com características peculiares. Colonizado por imigrantes italianos,
teve forte influência da cultura francesa, transmitida pelas congregações
religiosas de origem francesa, responsáveis pela educação dos habitantes,
durante décadas. Além disso, veio a receber o aporte dos sírio-libaneses, no
que diz respeito ao comércio. Esses são alguns dos fatores que contribuíram
para o Garibaldi de hoje. Um município com diversidade econômica e cultural,
rico de história e memória.
Breve histórico de
Garibaldi
O núcleo surge por
ato de 24 de maio de 1870. Na data o presidente, Dr. João Sertório, cria as
colônias Conde D'Eu e Dona Isabel, inaugurando um novo momento no processo de
colonização e economia no estado do Rio Grande do Sul. Garibaldi intitula-se,
inicialmente, Colônia Conde D'Eu, denominada assim em homenagem ao genro do
imperador, casado com a Princesa Isabel.
As duas colônias
possuíam 32 léguas quadradas de terras devolutas. Era necessário proceder ao
povoamento. A região não oferecia atrativos, pois suas terras eram acidentadas.
Seria necessário investir na infra-estrutura para povoá-la. Mas como o governo
não estava disposto a tanto, buscou outros recursos para torná-la habitável e
cultivável. Estendeu seu foco para além do que o horizonte podia enxergar e
encontrou a solução: povoar a região com europeus habituados ao mesmo clima do
sul, ao frio e às dificuldades do terreno para o cultivo agrícola.
A colonização da
Colônia Conde D'Eu, aconteceu no final da fase imperial. Os primeiros
imigrantes chegaram em 9 de julho de 1870 e eram todos prussianos (alemães).
Já naquela fase,
encontravam-se aqui estabelecidas algumas famílias de nacionais, indígenas ou
bugres, como comumente eram identificados. Durante esse período de colonização,
os alemães somente desenvolveram uma agricultura de subsistência, devido à
quase inexistência de estradas que pudessem servir para o escoamento de sua produção
agrícola e manufatureira.
Na época, a única
estrada existente, e em péssimas condições, ligava Montenegro a Conde D'Eu,
passando por Maratá. Foi por essa estrada que, a partir de 1874 e 1875,
começaram a chegar novas levas de imigrantes suíços, italianos, franceses,
austríacos e poloneses.
O contato para a
vinda desses povoadores foi feito por agentes que, através de uma campanha de
aliciamento, promoveram a vinda de um contingente de europeus. Também não havia
necessidade de se pensar em estratagemas complexos, era apenas necessário
compreender a situação do povo diante das guerras que aconteciam na Europa,
para a Unificação da Alemanha, a agitação política para estabelecer a Unidade
Italiana e as lutas na Áustria e Polônia, trazendo de roldão a falta de
trabalho nos campos e o empobrecimento das regiões urbana e rural.
No entanto, o maior
número de imigrantes era proveniente da Itália. A Colônia Conde D'Eu foi o
primeiro núcleo de colonização na região serrana do Rio Grande do Sul. A
população da Colônia, que em 1875 era de 720 habitantes, atingiu o número de
870 pessoas em 1876.
A oferta brasileira
vinha ao encontro das expectativas dos imigrantes europeus, pois acreditando
que o quadro de miséria vivido na Europa ficaria no porto, o imigrante "encheu
sua bagagem de sonhos, fechou-a com esperança e coragem e partiu, como um
peregrino, em busca de um caminho que re-significasse sua vida". (MARINA,
2004, inédito).
Do embarque na
Itália, até a chegada nas terras do Sul, as histórias relatadas pelos imigrantes
falam, no entanto, de desamparo, de exploração, de muito sacrifício. Novos
estudos apontam, que o maior sofrimento estava ligado à saudade da terra e à
incerteza do novo. O fato é que foi necessário muito trabalho para que os
imigrantes transformassem esta região em colônias e, conseqüentemente, em
cidades.
Nos primeiros
tempos foi na religião, na reza do terço, que o habitante renovou seu vigor e
encontrou alento para enfrentar a saudade de sua pátria e buscar o convívio com
outras famílias.
Foi a partir de
1890, com a Colônia já estabelecida, que as casas, os prédios, que hoje compõem
o Centro Histórico, foram construídos.
Em 31 de outubro de 1900, o governo eleva Conde D'Eu à condição de município,
que passa a chamar-se de Garibaldi, em homenagem ao italiano Giuseppe
Garibaldi, que participou da Revolução Farroupilha e é considerado "herói
dos dois mundos".
Já no início de
1900, houve um novo fluxo de imigração, com a chegada de famílias
sírio-libanesas, que desenvolveram o aspecto comercial do centro da Cidade.
O Tropeirismo
também teve importância fundamental no desenvolvimento de Garibaldi, pois uma
das principais rotas birivas do Rio Grande do Sul foi a Estrada Buarque de
Macedo, que ligava Lagoa Vermelha a Montenegro. Grandes casas comerciais e
hotéis se desenvolveram ao largo dessa estrada, com paradouro também para os
animais, bem como a criação da Alfândega (que hoje denomina um bairro), onde
eram fiscalizados as tropas ou os produtos comercializados. Muitos tropeiros já
eram recebidos aqui como membros da família, e se habituaram ao modo de vida
dos colonos, acabando por fazer de Garibaldi não só seu ponto de passagem, mas
também sua moradia.
Ainda hoje, a quase
totalidade dos habitantes do município é descendente dessas levas de
imigrantes, o que fez com que Garibaldi desenvolvesse alguns aspectos
peculiares, em parte por essa mescla e pelos imigrantes com suas respectivas
culturas.
Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Garibaldi – RS.
Colaboração: Dirceu Carlos Pierdoná
Colaboração: Dirceu Carlos Pierdoná
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